Parece até peta, mas Leila Pereira e Julio Casares, respectivamente presidentes de Palmeiras e São Paulo, não faz muito tempo, eram grandes amigos — tanto no pessoal quanto no profissional, uma vez que diria Fausto Silva.
Antes da Supercopa do Brasil, eles se encontraram no gramado do Mineirão. Sorridentes, trocaram cumprimentos, conversaram aos risos e ainda posaram para fotos, minutos antes do clássico decisivo. Mas, ali, a amizade já começara a esfriar.
A ruptura vinha sendo ensaiada desde as reclamações do Palmeiras com a arbitragem, na Despensa do Brasil de 2023. E foi instalada de vez com a ida de Caio Paulista, 25, que negociava renovação com o Tricolor, para o clube alviverde, no término do ano pretérito.
Às vésperas de mais um jogo entre Palmeiras e São Paulo (segunda-feira, dia 29, às 20h, no Morumbi), é inevitável voltar a falar sobre o jogador, que chegou a ser escolhido uma vez que melhor lateral-esquerdo do Paulista de 2023, vencido pelo clube alviverde.
Pessoas nos dois clubes ouvidas pela Trivela afirmaram crer que foi por conta do chapéu do Verdão no vizinho de CT, que a relação entre Casares e Leila foi de vez para o buraco.
E o pior de tudo é que Caio Paulista pouco jogou pelo Palmeiras até agora, pois não consegue convencer Abel Ferreira.
O jogador, que não entra em campo há seis jogos, não consegue espaço no ataque e viu Vanderlan voltar a ser segunda opção pela lateral. No universo de 23 jogos disputados pelo Palmeiras na temporada, Caio só esteve em campo em 11, três dos quais uma vez que titular.
Apesar da pouca rodagem, Caio Paulista tem duas assistências com a camisa do Verdão. Mesmo número que conseguiu em 50 jogos pelo São Paulo.
Ritmos diferentes para tudo
Recentemente, Abel Ferreira explicou por que Rômulo, contratado durante o último Campeonato Paulista, não vem jogando com frequência.
— É um jogador que ainda vai ter que se apropriar à camisa, à forma de jogar, à intensidade de treino, ao pré-treino, pós-treino — explicou.
E embora Caio tenha quatro meses mais de Palmeiras que o recém-chegado do Novorizontino, a explicação também vale para ele.
Funcionários do Palmeiras ouvidos pela reportagem atestam que os métodos de trabalho da percentagem técnica portuguesa são muito peculiares. E que os jogadores que chegam ao clube às vezes levam tempo para se apropriar.
Função dissemelhante
Outro ponto que vem atrapalhando Caio é adaptação ao esquema de jogo do Palmeiras propriamente. O ex-Fluminense foi contratado, entre outras razões, para fazer, com Piquerez, o trabalho que Mayke faz pela direita com Marcos Rocha.
Piquerez até tem jogado uma vez que terceiro zagueiro. Mas quem está ocupando o lugar pela lateral-esquerda não é Caio. Contra o Flamengo, por exemplo, Endrick caiu por ali no 1º tempo.
Em fevereiro, Abel Ferreira já tinha de dar explicações sobre a pouca utilização do jogador:
— Não é um jogador para agora, é para o porvir. Não sei se nós até o final do ano não vamos perder um dos nossos laterais esquerdos. Ele está adequado ao grupo, acho que não se adaptou ainda ao treinador. Sei que não é fácil porque troco eles de posição, mas percebi que tem um espírito descerrado — disse na ocasião.
Porquê o próprio Abel disse, Caio é um jogador para o porvir. Mas, dois meses depois, esse porvir não se aproximou em zero do presente do jogador.